Mortes sobem para 16; Schettino fala sobre acidente.

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Uma plataforma para retirada de combustível é posicionada ao lado do Costa Concordia
Foto: REUTERS
Embarcação que irá retirar o combustível do Concordia. 
Mergulhadores italianos encontraram nesta terça-feira mais um corpo dentro do Costa Concordia, que naufragou parcialmente no último dia 13 após bater em rochas na costa da Ilha de Giglio. Em carta, a Unesco pediu que o governo italiano limite o acesso de navios de cruzeiros em áreas culturalmente e ecologicamente importantes.

Pelo menos mais 16 pessoas ainda estão desaparecidas, mas denúncias de que haviam clandestinos na embarcação mostram que pode haver mais vítimas. Já são 16 as mortes confirmadas. O cadáver encontrado nesta terça, que seria de uma senhora, estava no terceiro deque do navio. Ela vestia o colete salva-vidas.

Interior do Atrium Europa durante os resgates. 

 Schettino diz que diálogo com De Falco foi mal entendido
Em mais um trecho do depoimento do capitão Francesco Schettino divulgado pela imprensa italiana, o comandante diz que houve um “mal entendido” com o oficial Gregorio De Falco, da Guarda Costeira. A gravação do diálogo dos dois revoltou os italianos, que apelidaram Schettino de “capitão covarde” e fizeram camisas com a frase “Vada a bordo, cazzo!”, proferida em um rompante do oficial que estava em terra.

– Acho que tinha entendido que eu não queria ir. Eu disse: ‘olha, não tem como eu ir lá’. Se ele me encorajasse, diria: ‘comandante, temos um helicóptero aqui, o pegaremos e te colocaremos a bordo’. Eu lhe disse: ‘mas como vou a nado?’ Ele podia… Houve uma pré conclusão, como se eu realmente não quisesse ir lá – afirmou Schettino.

O comandante Francesco Schettino ainda disse que a empresa Costa Crociere, conhecia a prática de aproximar os navios da costa como forma de saudação e a apoiava como estratégia publicitária.

Um dos bares do Concordia.

 Esta é uma das declarações que fazem parte do depoimento que Schettino prestou à Justiça italiana na terça-feira passada, cujo conteúdo foi publicado neste domingo pelos jornais Corriere della Sera, Il Messaggero e La Repubblica.

Segundo o capitão, a manobra para aproximar o navio da costa, motivo do naufrágio do Costa Concordia, é feita “no mundo todo”. Ele disse, inclusive, que a Costa planejava manobras semelhantes por ocasião de festas das localidades que os navios da empresa visitavam em agosto.

Schettino afirmou que tinha experiência em realizar a manobra, que consiste em se aproximar da ilha para saudar os habitantes tocando a sirene, pois já a havia feito tanto em Giglio como nas imediações da ilha de Capri, no sul da Itália.

Com as citações de seu depoimento publicadas neste domingo, ele desmente as declarações do executivo-chefe da Costa, Pier Luigi Foschi, que nos últimos dias disse que só havia autorizado uma manobra semelhante apenas uma vez.

O jornal La Repubblica indica que Schettino respondeu da seguinte forma à pergunta sobre se a aproximação à ilha de Giglio do último dia 13 tinha sido planejada antes da partida da embarcação: “Sim, tinha sido planejada. Teríamos feito na semana anterior, mas não foi possível pelo mau tempo”, diz.

Sobre a razão de demorar tanto em dar o alarme e dar início à evacuação do navio (cerca de uma hora e 15 minutos após a colisão), Schettino explicou que decidiu assinalar a emergência quando teve a confirmação de que o Costa Concordia não cumpria com os requisitos mínimos de flutuação para este tipo de embarcação.

“Antes de dar o sinal de alarme, temos de estar seguros, porque não quero criar o pânico e que as pessoas morram por nada”, disse o capitão – em prisão domiciliar acusado de naufrágio, abandono do navio e homicídio culposo múltiplo. “Dei o sinal de alarme quando tive certeza de que não se poderia voltar atrás”.

Schettino, no entanto, confirmou que havia entrado em contato com o diretor de operações marinhas da Costa Crociere, Roberto Ferrarini, poucos minutos depois da colisão para informar-lhe sobre a situação e para pedir a intervenção de um rebocador.Durante o interrogatório, Schettino desabafou: “Terei de conviver para o resto da vida com essas mortes. Como se faz isso?”.

Texto (©) Copyright O Globo, e Terra. 
Imagens (©) Copyright Reuters e Marine Militare.
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3 Comentários

  1. Essa história vai muito longe. Os únicos inocentes realmente são os passageiros, que tiveram que viver momentos terríveis. As fotos por dentro do Concordia, traz muita tristeza. Um navio de tamanha beleza e muito aclamado, nesta situação de agonia, triste. Abraços Daniel.

  2. O comandante esta presso, mas, pergunto, inde estavam o 1' e segundo Oficial da ponte??? onde estavam os 2 pilotos que tambem ficam na ponte e podem e devem desobedecer e assumir o comando da embarcação em casos que as ordens coloquem a nau em perigo???

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