Após 23 anos não há temporada de cruzeiros em Fernando de Noronha

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Português Vasco da Gama em Noronha. 

Pela primeira vez, desde 1990, Fernando de Noronha não está recebendo cruzeiros marítimos no verão. A temporada sempre acontecia no final de ano e inicio de ano novo, prolongando-se até meados de março. Falta de navio? Restrições ambientais? Crise econômica? Qual motivo da ilha estar ausente dos roteiros marítimos do Brasil? A pessoa adequada para responder estes questionamentos é Milton Sanches, dono da empresa BCR – Brazilian Cruises Representation, responsável pela primeira, e todas as outras operações de cruzeiros, o “comandante” deste barco até hoje.

O empresário conta que os fatores para a ausência dos cruzeiros são muitos, mas antecipa que nunca teve problemas com a Administração da Ilha. As dificuldades começaram, como relatamos aqui no blog, com a troca da operadora, que fazia a venda das viagens. Sanches também encontrou obstáculos para fretamento de um navio compatível com as exigências para operar em Noronha. “A embarcação deve ter capacidade para transportar cerca de 750 passageiros, o que não é muito fácil, os navios atuais são sempre maiores” explicou.

Milton Sanches contou que chegou a localizar um navio em Portugal (da Classic International Cruises), mas o dono da embarcação morreu depois da assinatura do contrato e, por problemas familiares, o navio foi apreendido. Com dificuldade, identificou outra embarcação, mas não havia tempo para viabilizar toda a operação e venda dos cruzeiros. “Existe um conflito judicial da competência do órgão que pode autorizar a licença de operação. A justiça impediu a Companhia de Meio Ambiente do Estado – CPRH, de emitir a licença, mas nós achamos que esta é uma atribuição da CPRH” avalia.

Orient Queen (foto Daniel R.Carneiro, Cruising On Line)
Orient Queen que fez a temporada 2008/09
na Ilha ainda pela CVC.
O empresário fala que já solucionou as pendências, tem uma embarcação pronta e está na ilha fazendo contatos para a próxima temporada. “Devemos voltar a operar em novembro e estender as viagens até abril” prevê. Sanches tem planos de, no futuro, incluir as pousadas da ilha no pacote. “O passageiro pode vir de navio, hospedar-se numa pousada e só retornar na viagem seguinte” explicou.

Pesquisa
Segundo Milton Sanches, uma pesquisa que comprova a importância econômica dos cruzeiros para comunidade noronhense, foi realizada. “Cerca de 40% dos serviços locais como locação de veículos, passeios de barco e comércio dependem dos navios neste período” revelou. O empresário calcula em 23 anos os cruzeiros trouxeram para a ilha cerca de 180 mil turistas. Ele diz que a avaliação feita indica que 90% dos visitantes manifestaram interesse em retornar a Noronha, seja de navio, seja por via aérea. “O navio é um divulgador da ilha, é uma forma de viabilizar visita de pessoas que não viriam e Fernando de Noronha e que depois podem voltar” finaliza Milton Sanches.


Texto (©) Copyright Adaptado de G1/Viver em Noronha.
Imagens (©) Copyright Acervo ADFN e Daniel R. Carneiro.
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