Atlantic Star is on the move!

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Sendo rebocado para fora de Marselha na terça-feira.

O Atlantic Star, até não muito de propriedade da Pullmantur, deixou na terça-feira Marselha, após mais de 3 anos imobilizado na cidade francesa. Após alguma dificuldade, o ex-Sky Wonder foi rebocado para fora do porto pelo rebocador Pelagos. Seguiu para o Oriente, rumo a Suez, no Egito, mas com destino final indefinido. Alguns afirmam que terminará seus dias na Turquia, em um estaleiro de demolição, enquanto outros defendem que o ex-Sky Princess segue para Jeddah na Arábia Saudita onde seria transformado em hotel flutuante.

Desde 2006, o então Sky Wonder era propriedade da Royal Caribbean Inter- national, sua propriedade havia sido transferida a segundo maior grupo de cruzeiros do mundo após a compra da Pullmantur, que até então detinha o navio, e continuou a operá-lo normalmente após a transferência. No final de 2008, porém, sua companhia resolveu entrar no mercado português de cruzeiros, apostando na rota entre as Ilhas Atlânticas e Lisboa. Para isso, decidiu renomear o Sky Wonder, mudando seu nome para Atlantic Star, e adaptando-o a sua nova operação, o que, por exemplo, tornou o português a primeira língua a bordo. 

A operação idealizada se iniciou em Abril de 2009, quando o recém renomeado Atlantic Star chegou a Lisboa para seu primeiro embarque. A idéia era mantê-lo na rota, que incluía escalas em Funchal, na Ilha da Madeira (onde também havia embarque), em Lanzarote nas Ilhas Canárias, Gibraltar no Reino Unido e Agadir e Casablanca, no Marrocos, até pelo menos Setembro desse mesmo ano. O cenário internacional no momento, porém, acabou mudando essa realidade. 
Em uma de suas últimas viagens oficias, em 2010. 

Paralelamente a essa operação, a Royal Caribbean International encerrava as atividades de outra de suas filiais, a Island Cruises, e transferia um dos navios que até então operavam para essa companhia para a Pullmantur: o Island Star. A Pullmantur então, bem diferente do que acontece atualmente, vinha em uma operação lucrativa, e pretendia ampliar seu mercado entre os mercados latinos. O plano era renomeá-lo Pacific Dream, e colocá-lo para operar no Pacífico Mexicano, em um roteiro de sete noites, com escalas em Acapulco, Ixtapa, Manzanillo, Cabo San Lucas e Puerto Vallarta. Assim como no mercado português, o navio seria totalmente adaptado ao público mexicano, e operaria quase que exclusivamente para esse mercado. 

Penúltima escala em Lisboa. 

A Pullmantur porém, só chegou a operar no Pacífico em 2011, com o Ocean Dream. Na época de sua idealização, a operação acabou não se concretizando por motivos diversos: a crise econômica mundial passava a ter maiores conseqüências sobre os países emergentes, e principalmente a Gripe A, que na época assolava a população mexicana e era especialmente perigosa em um navio com sistema de ar condicionado central. 

Com os cruzeiros no Pacífico cancelados, a Pullmantur precisava dar um novo destino ao Pacific Dream, e sua opção foi colocá-lo no Atlântico (apesar do nome), em substituição ao Atlantic Star. Assim, em Maio de 2009, apenas um mês após iniciar seus cruzeiros como Atlantic Star, o decano da frota da Pullmantur era substituído. O motivo da mudança, estava diretamente ligado ao custo a operação do Sky Wonder, que ainda equipado com turbinas a gás, consumia mais combustível, e um combustível mais caro do que um navio a diesel como o Pacific Dream.

Uma vez trocado, o Atlantic Star passou a enfrentar um futuro incerto. Imobilizado, inicialmente em Lisboa, Portugal e depois em Motril, Espanha e Marselha, França, o navio foi fruto de vários rumores. O mais concreto, e que aparentemente tinha um bom fundo de verdade, dava conta de que o navio poderia operar no Brasil. Segundo fontes, o gás consumido pela embarcação era mais barato e abundante na América do Sul, o que possibilitaria operá-lo de forma mais eficaz e lucrativa na região. 
Assim, havia sido idealizado um roteiro semanal, que operaria durante todo o ano, e que deveria ter tido inicio ainda em 2009, entre Santos e Salvador. O cruzeiro completo teria escalas ainda no Rio de Janeiro e em Vitória, e permitira embarque em todos esses portos. Seria a primeira vez em muitos anos que um navio faria viagens partindo do Brasil nessa época, e a primeira temporada de cruzeiros de inverno da história do país.

O Atlantic Star deveria ter partido em 7 de Junho, e partido de Santos em seu primeiro cruzeiro do tipo em 4 de Julho, um sábado. Ainda assim, o Atlantic Star nunca chegou a deixar a Europa para os cruzeiros, as razões para isso nunca ficaram claras, é provável que o pouco tempo para vender os cruzeiros, que se iniciariam quase imediatamente, tenha sido a principal delas.

Com o Pacific Dream, também em Lisboa.

A única vez que o navio recebeu passageiros desde seu último cruzeiro no Atlântico, foi em 2010. Quando o Pacific Dream teve uma avaria, e acabou impossibilitado de realizar seus cruzeiros, a Pullmantur não teve escolha a não ser cancelar alguns de seus cruzeiros. Quando foi constatado que deveriam ser canceladas mais viagens para que a avaria fosse reparada, a empresa espanhola decidiu reativar o Atlantic Star, que substituiria o Pacific Dream e evitaria assim o cancelamento de mais viagens enquanto este era reparado.

A tentativa porém foi um fracasso. Menos de uma semana após seu primeiro embarque, em Setembro de 2010, o Atlantic Star começou a enfrentar problemas de geradores e com os sistemas hidráulicos de bordo; em situação dramática, seus passageiros ficaram sem banheiros operantes, sem água corrente em suas torneiras, e sem energia em alguns pontos do navio. A Pullmantur acabou obrigada a cancelar mais cruzeiros, após ter tido problemas tanto com o Pacific Dream como com seu substituto Atlantic Star. Pouco antes de colocá-lo de volta ao serviço emergencial, a Pullmantur planejava uma retomada real das operações do navio.

A idéia era colocá-lo realizando mini-cruzeiros entre Málaga, Lisboa, Tanger e Portimão, com embarque nestes dois primeiros. Os cruzeiros seriam realizados a partir de Abril de 2011, para que houvesse tempo suficiente para que todas as medidas fossem tomadas no sentido de o navio não apresentar problemas quando finalmente reativado. Mais uma vez, os planos não passaram de idealizações; com o fracasso de 2010, foram abandonados, e o Atlantic Star voltou a Marselha com um futuro cada vez mais incerto.

Desde então, a Pullmantur parecia ter perdido o interesse no ex-Fairsky, com a baixa do mercado espanhol, e a transferência de navios mais novos à sua frota, uma possível reativação pela Pullmantur era algo improvável. Enquanto isso, vários rumores surgiram, vendendo o navio a inúmeros proprietários, entre eles, a Lord Nelson Seereisen, que supostamente pretenderia trocar seus motores à gás por modernos geradores a diesel, para que o Atlantic Star voltasse a operação, renomeado Mona Lisa II, em substituição ao Mona Lisa anterior, ex-Kungsholm, aposentado pelo SOLAS 2010.

Nenhum deles se tornou realidade, e o tempo passou. O capítulo mais recente na história do navio é desse ano: quando do anúncio do contrato de construção do terceiro navio da classe Oasis, firmado entre a Royal Caribbean International e o estaleiro francês Chantiers de l’Atlantique, foi tornado público que o navio era parte do acordo. Como pagamento pelo novo maior navio do mundo, além de muitos milhões de Euros, o Atlantic Star passaria a ser propriedade do estaleiro. Suspeitava-se de que o estaleiro pudesse assim, enfim colocar em curso o processo de re-motorização do navio, e posteriormente vendê-lo para algum comprador por um valor maior do que a embarcação vale atualmente.

Mas, aparentemente, a idéia do estaleiro não exatamente era essa, como foi possível constatar. Será essa a última viagem do navio e o último capítulo de sua história?

Sitmar’s FairSky

O Sky Wonder foi o último navio a entrar em operação, com o nome de FairSky, pela Sitmar, companhia italiana remanescente da empresa de navegação Societa Italiana Trasporti Marittimi, em 1984. Quatro anos depois, a companhia acabou sendo vendida ao grupo P&O-Princess, e teve todos os seus navios, incluindo o então FairSky para a Princess Cruises. Lá, navegou por muitos anos entre o alaska e a Riviera Mexicana como Sky Princess, e chegou a construir uma respeitável carreira.

Como Sky Wonder em Santos em 2008.

Porém, com a moder- nização da frota da Princess, o Sky foi transferido para a P&O Australia, e passou a se chamar Pacific Sky. Operou na Oceania por 6 anos, antes de ser vendido para a Pullmantur em 2006, e ser renomeado Sky Wonder. Nessa época, veio ao Brasil em duas temporadas seguidas, realizando cruzeiros fretado para a CVC Viagens. Em 2007, em uma de suas viagens fretado, chegou a encalhar no Rio da Prata, com 1,500 passageiros a bordo.

Tem capacidade para 1,585 passageiros em ocupação máxima, em suas 46,000 toneladas. Foi construído no estaleiro francês CNIM, e possui 240 metros de comprimento e 27 de boca; atinge 19 nós de velocidade.

Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright MeretMarine, Rui Agostinho, Ricardo Martins, Sitmar e Daniel Capella.
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1 Comentário

  1. Fui passageiro neste navio em 2009 no rota das pérolas do atlântico e o navio estava em muito bom estado. Por isso creio que o motivo pelo qual foi "encostado" só possa ser mesmo por motivos ligados ao custo em virtude de ser movido a gás.

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