Navios por Dentro: Gemini

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O maior navio de cruzeiros já construído em um estaleiro espanhol é o protagonista da série Navios por Dentro, de Rui Agostinho, do mês de Agosto. Imobilizado há vários anos na Inglaterra, o navio chegou a ser especulado para o Brasil pela CVC.

O Gemini, foi entregue em 1992 pelo estaleiro Union Navale de Levante, de Valência, na Espanha, desde então, junto a seu gêmeo, hoje Braemar, da Fred. Olsen, é o maior navio de cruzeiros completamente construído em um estaleiro espanhol. Isso porque seu gêmeo, Braemar teve um trecho de cerca de 30 metros acrescentado a sua estrutura original, o que, teoricamente o transformou em maior navio de cruzeiro espanhol. Entretanto, o novo trecho acrescentado ao navio não é de fabricação espanhola, e sim alemã, o que a torna invalida em termos de comparação com o Gemini.
O Gemini foi encomen- dado no final da década de 80 ao estaleiro espanhol em questão pela Crown Cruise Line. A escolha deste estaleiro para a encomenda, tem relação com a parceria que a Crown Cruise Line possuía com o Union Navale de Levante desde a conversão de seu segundo navio, o Crown del Mar, e posteriormente na construção de seu primeiro novo navio, o Crown Monarch, hoje Voyager, da Voyages of Discovery. A Crown Cruise Line foi uma companhia up-market, que operou navios de pequenas dimensões para os padrões atuais, no Caribe e América do Norte, entre as décadas de 1980 e 2000. Quando entregue, em 1992, o Gemini se chamava Crown Jewel, nome com o qual operou por pouco tempo, já que pouco depois da entrega do Crown Dinasty, seu gêmeo, em 1993, ambos foram fretados à Cunard Line.
A partir de 1993, navegou como Cunard Crown Jewel, para uma Cunard então administrada pela Trafalgar House, e que buscava sua reafirmação e reinvenção de sua marca, antes de sua aquisição pela Carnival, que viria a ocorrer só em 1998. Ao contrário do Cunard Crown Dinasty, porém, ficou pouco tempo na companhia britânica, sendo vendido em 1995 para a asiática Star Cruises. Seu gêmeo, Dinasty ainda navegou para a Cunard por mais dois anos, quando retornou à Crown Cruise Line, operando por sua companhia construtora até 2001, ano da falência desta. Na Star Cruises, o então Crown Jewel ganhou o nome que sustenta até hoje; foi renomeado SuperStar Gemini, e posicionado em Singapura, um dos vários portos base da Star ao redor da Ásia. Esta foi a fase de maior duração em toda a sua carreira, se estendendo até 2009, quando foi vendido pela segunda vez. Foi também nesta época que enfrentou um relativamente grave incidente, quando seus motores se incendiaram em 1997, sem deixar feridos, nem energia ao navio.
Em 2009, sua propriedade foi transferida do grupo Genting Hong Kong (que administra tanto a Star Cruises como a Norwegian Cruise Line), para o Clipper Group, um grupo de investimentos sediado nas Bahamas, que pretendia fretar o navio a outros operadores. A primeira interessada em operar o Gemini foi a espanhola Vision Cruceros, uma companhia recém formada, que pretendia rivalizar com a Pullmantur e com a Ibero Cruceros no mercado espanhol. No começo de 2009, retornou à Europa, para iniciar seus novos cruzeiros com embarque em Valência, onde foi construído. O negócio porém, não deu certo, e a Vision Cruceros cessou operações ainda em Março de 2009, o que fez com que o Gemini nunca tenha navegado como Vision Star como planejado. Em vez disso, foi fretado à Quail Cruises, uma companhia de origem espanhola, formada, aparentemente pela CVC e sócios espanhóis, para operar o Pacific, mas que, na impossibilidade da operação deste, viu-se obrigada a fretar um substituto.
A solução foi fretar o SuperStar Gemini, agora conhecido simplesmente por Gemini, para que não fosse necessário o cancela- mento dos roteiros previstos para o veterano Pacific. Após mudança de proprietários, e uma rebranding, a Quail Cruises passou a se chamar Happy Cruises, e apresentando crescimento e boas perspectivas de mercado, ampliou a frota, além de ter mantido o Gemini por mais tempo do que o inicialmente previsto em sua frota. É nesta época que as fotos deste artigo foram tiradas, em um cruzeiro pelo Mediterrâneo a bordo do então Gemini operado pela Happy. Nesta época chegou a realizar cruzeiros por Cuba, algo que só voltará a acontecer no final deste ano, quando o Louis Cristal será fretado para tal operação. A Happy Cruises aumentou em dois anos sua frota para três navios, e, talvez, por ter tentado dar passos maiores que as pernas, foi obrigada a declarar falência em meados de 2011, deixando sua frota arrestada em portos ao redor da Europa. Gemini e Ocean Pearl eram então propriedade de grupo de investimento chamado International Shipping Partners (ISP), que revende, administra e freta navios de todo o tipo, e os havia adquirido pouco antes.
Desde então, o pequeno navio espanhol não navega comercial- mente, apesar de estar disponível para vendas e freta- mentos. O mais próximo disso ocorreu há mais de um ano, em junho de 2012, quando foi fretado por operadores locais para servir como alojamento durante as Olimpíadas de 2012, em Londres, Inglaterra. Antes, e depois, ficou atracado em Tilbury, também na Inglaterra enquanto a ISP tenta encontrar um interessado em operá-lo. Por vezes, desde 2011, especulou-se que a CVC pudesse trazê-lo ao Brasil para a operação em Fernando de Noronha, ou mesmo no Sudeste, especialmente quando o navio operava para a Happy Cruises, companhia na qual a própria CVC era acionista. Aparentemente, a BCR também demonstrou interesse em operá-lo no Nordeste em 2012/2013, mas, também aparentemente, não chegou a um acordo com a ISP, e nenhuma das possíveis operações no Brasil realmente ocorreu. 
Vinte e um anos após seu lança- mento, o panorama do mercado de cruzeiros mundial é diferente, e um navio de suas dimensões é pequeno. Soma-se a isso um design confortável, mas que pode ser considerado ultrapassado para as grandes companhias, e tem se um futuro não proeminente, e até de certa forma incerto. Com 19,092 toneladas, 163 metros de comprimento e 22 metros de boca, o Gemini tem capacidade para 916 passageiros em ocupação máxima e continua disponível para venda e fretamento, como é possível ver no site da ISP (clique aqui). Pode ser uma boa opção para o governo brasileiro, ou algum operador nacional para a Copa do Mundo de 2014. Já que por vontade própria as companhias não trarão navios ao Brasil neste período, a solução será fretá-los. As fotos do interior do navio são de Rui Minas Agostinho, obtidas a bordo em 2010, durante um cruzeiro de 7 noites pelo Mediterrâneo, intitulado “Pérolas do Mediterrâneo” com escalas em Livorno e Civitavecchia, na Itália, além de Villefranche, na França e Barcelona, na Espanha. O embarque e desembarque ocorreu em Valência, também na Espanha. Clique aqui para ver os outros navios já foram destaque na série Navios por Dentro, de Rui Agostinho. 
 Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Rui Minas Agostinho.
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1 Comentário

  1. É pena um navio como este não estar a navegar.Um navio como este era ideal para cruzeiros pelo miditerrãnio,pois o navio pelas fotos esta bem estimado,muito melhor que alguns velhinhos da Pullmantur.Eu era uns dos que ia gostar de fazer um cruzeiro nesse navio ,visto não ser fã de navios enormes e de milhares de pessoas a bordo que só dá confusão.Nada como desfrutar de alto mar em sossego…Os armadores do navio,que pensem bem…

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