Navios por Dentro: Albatros

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A edição de setembro de 2013 da série Navios por Dentro, de Rui Agostinho, é a quinta desde sua primeira publicação em maio. Após retratar o Ocean Countess, da Cruise & Maritime Voyages, o Europa 2, da Hapag-Lloyd Cruises, o AIDAvita, da AIDA e o Gemini, da Happy Cruises, a série será agora protagoniza pelo Albatros, da alemã Phoenix Reisen Seereisen. Para ver mais reportagens dessa série, clique aqui

Um dos mais tradicionais e conhecidos navios atualmente em navegação, o atual Albatros é a segunda embarcação a utilizar esse nome na frota da operadora alemã Phoenix Reisen Reederei. Parte do Royal Viking Trio, o Albatros foi construído em 1973 no também tradicional estaleiro Wärtsilä de Helsinki, na Finlândia, e opera atualmente para a Phoenix Reisen desde 2005. Nesse ano, passou a integrar a frota da companhia alemã em substituição ao Albatros original, que havia sido vendido para a sucata um pouco antes. O primeiro Albatros foi o ex-Sylvania, construído para a Cunard Line na Escócia em 1957, e que antes havia operado também para a Sitmar e para a Princess Cruises; tinha capacidade para 925 passageiros em ocupação máxima e cerca de 25,000 toneladas, com 185 metros de comprimento e 25 de largura.
Seu substituto, o atual Albatros possui tamanho bem semelhante, apesar dos vários anos a menos: possui 28,000 toneladas, capacidade para 1,000 passageiros em capacidade máxima e 205 metros de comprimento por 25 de largura. Mas nem sempre foi assim, ainda em 1983, quando ainda operava para a companhia que o construiu, a Royal Viking Line, passou por uma grande reforma que inclui o acréscimo de uma seção de mais de 20 metros na região central do navio. Realizada entre março e junho desse ano, a reforma tomou lugar no estaleiro alemão AG Weser. Na nova seção, além de várias cabines que aumentaram a capacidade do navio que era então de 550 passageiros, foram acrescentados novos bares e restaurantes e um novo deck a céu aberto na parte mais alta.  
Na época a reforma foi de certa forma criticada, pois os navios do Royal Viking trio eram conhecidos por seus ambientes íntimos e sua menor capacidade de passageiros, antes de serem todos aumentados em cerca de um ano. Apesar disso, a reforma teve pontos positivos; além de aumentar a margem de lucro do navio e conseqüentemente da companhia, algumas das primeiras cabines com varanda da história foram instaladas nessa ocasião. Na verdade, acréscimo na capacidade dos navios não foi bem visto principalmente por conta das características da Royal Viking Line, que focava no mercado de luxo e em clientes mais abastados, que queriam fugir do tipo de cruzeiro que estava então sendo popularizado pela Carnival Cruise Line, que tinham como público alvo a classe média, e nessa primeira fase utilizavam-se de antigos navios de linha recondicionados.  
A Royal Viking Line era essencialmente uma companhia upscale, e isso se reflete em sua frota inicial, que foi toda construída com as características que os armadores desejam ter em seus navios. Como já citado, nessa época era comum que as frotas fossem constituídas por ex-transatlânticos de carreira, que haviam sido adquiridos por preços baixos após o advento das viagens aéreas, e que eram reformados para se adaptar ao formato de viagem dos cruzeiros. Fundada no final da década de 60, a companhia iniciou operações em 1972 com a entrada em serviço dos dois primeiros navios do Royal Viking Trio, o Royal Viking Sky e o Royal Viking Star. No ano seguinte, o terceiro navio, Royal Viking Sea entrou em operação – este é o atual Albatros, que é tido como o menos alterado dos três gêmeos, por manter ainda muitas das caraterísticas da época em que operou para a Royal Viking, incluindo a configuração e móveis e ambientes. Os outros dois navios, atuais Black Watch e Boudicca, que atualmente operam para a Fred. Olsen Cruise Line, passaram por grandes reformas desde que deixaram a frota da Viking.
Entre essas características, estavam um grande lounge envidraçado na proa, que permitia vistas panorâmicas dos horizontes durante a viagem, um restaurante de tamanho maior que o usual (para que os passageiros de todo o navio pudessem jantar em turno único) e localizado em um dos mais altos decks do navio, com grandes janelas, diferente dos restaurantes menores e localizados nos decks inferiores que até os dias atuais são mais comuns. Como foram idealizados para longas viagens focadas em um público com mais idade e dinheiro, o trio tinha também um ótimo índice passageiro/espaço e muitas cabines individuais. Com o sucesso dos três navios, a Royal Viking Line se expandiu e mais tarde construiu outras duas embarcações (que hoje operam como Prinsendam na Holland America Line e Seabourn Pride na Seabourn Cruise Line), antes, porém, despertou a atenção do grupo Kloster, um dos fundadores da indústria de cruzeiros atual, e que na época operava algumas companhias, entre elas a Norwegian Caribbean Line, mais tarde renomeada Norwegian Cruise Line. Knut Kloster e sua equipe fizeram uma oferta, e em 1984 adquiriu a Royal Viking, por 240 milhões de dólares, operando a princípio a companhia que tinha escritório em São Francisco, na Califórnia, como uma marca separada de seu grupo.
 
Assim seguiu-se até 1990 quando o grupo começou a transferir os navios da marca para outras de suas companhias. O primeiro a passar por essa experiência foi o próprio Albatros, que nesse ano, foi transferido para a Royal Cruise Line, onde passou a ter o nome Royal Odyssey. O último navio deixou a Royal Viking Line em 1994 quando o grupo Kloster, em dificuldades financeiras resolveu vender a marca e um de seus navios para a Cunard Line, que operou com o nome Cunard Royal Viking Line até 1998 quando foi adquirida pela Carnival Corporation (o que significa, que atualmente a marca é propriedade deste grupo). Até 1997, o o Royal Odyssey operou para a Royal Cruise Line, nesse mesmo ano, foi novamente transferido, desta vez para a Norwegian Cruise Line (NCL), onde seus dois gêmeos já operavam. Como Norwegian Star, fez cruzeiros no Caribe até 1999, quando passou a ser operado pela Norwegian Capricorn Line, uma nova subsidiária da NCL, que pretendia operar o ano inteiro na Austrália e Pacífico. O plano porém não foi bem sucedido, e foi cancelado em 2001 quando a NCL foi adquirida pelo grupo Genting Hong Kong, que também era proprietário da Star Cruises, companhia para qual o Norwegian Star passa a operar a partir desse ano. Como Norwegian Star 1 opera pela Ásia até 2002, quando é pela primeira vez desde sua construção vendido.  
Após o período no Pacífico, seu comprador é naturalmente asiático: um grupo de investimentos chinês, que o nomeia Crown, e o dedica a pequenos cruzeiros desde Shangai, como navio casino. Entretanto o negócio fracassa, e dura somente seis meses, sendo encerrado ainda em 2002. Após um pequeno período imobilizado em um porto chinês, o Crown é vendido para uma empresa espanhola recém formada, a Spanish Cruise Line, que não o renomeia oficialmente, mas passa a chamá-lo de Crown Mare Nostrum, e o traz ao Mediterrâneo para cruzeiros focados no mercado espanhol. Mais uma vez, porém, a idéia não funciona como o esperado, e as operações cessam no final de 2003, alguns meses após serem iniciadas. Segue-se um novo período de imobilização, desta vez na Europa, antes de nova venda, dessa vez para a companhoa holandesa Club Cruise. Por essa companhia, o navio sequer chegou a operar e foi fretado pela Phoenix Reisen, ainda em 2004, pela qual começou a operar após uma pequena reforma no início de 2005. Em 2008, com a falência da Club Cruise, o Albatros foi finalmente adquirido por seu atual proprietário e operador, a Phoenix Reisen, pela qual já chegou inclusive a visitar Santos, em uma de suas primeiras viagens de volta ao mundo na temporada 2005/2006. As fotos dessa postagem são de Rui Minas Agostinho, e foram feitas a bordo do navio na ocasião de uma escala em Lisboa, em abril deste ano. Mais algumas fotos do interior do Albatros, durante um cruzeiro pelo Rio Amazonas, estão disponíveis em nossa página do facebook, clique aqui para ver. 
  Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Rui Minas Agostinho.
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