Navios por Dentro: Grand Voyager

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Após o navio retratado pela série em setembro ser o Albatros, da Phoenix Reisen (clique aqui para ver), o navio escolhido para a mais recente edição da série Navios por Dentro, de Rui Agostinho, é o Grand Voyager, da Ibero Cruceros. A embarcação, que atualmente navega como Costa Voyager para a Costa Crociere foi construído em 2000, e tem seu futuro incerto, já que foi praticamente descartado dos planos futuros da Costa. Para fotos de seu interior, e um pouco de sua história, continue lendo. 
Piano Bar Sirenes
Lobby dos Elevadores. 
Operando para a Costa desde o início de 2012, o futuro do ex-Grand Voyager voltou a ser notícia recentemente com o cancelamento de sua temporada no Mar Vermelho. Aparentemente adaptado a frota da Costa, e sem perspectiva de voltar para a Ibero, o navio tinha já anunciados seus cruzeiros pela armadora italiana até abril de 2015, realizando roteiros um tanto exóticos ou diferentes, mas sem deixar a Europa e Oriente Médio. O fim da temporada pelo Mar Vermelho, no entanto, pode ter sido o estopim para uma saída antecipada da frota da companhia, algo que poderá significar até o final de sua carreira, como veremos a seguir. 
Buffet The Horizon Garden Lounge
Main Dining Room Selene

Construído em 2000 pelo estaleiro alemão Blom+Voss, o então Olympic Voyager foi o primeiro navio encomendado por sua companhia, a Royal Olympic Cruises (ROC). De origem grega, a ROC havia surgido em 1997, não muito tempo antes da encomenda, do navio, que prometia ser revolucionário. Mais rápido do que qualquer navio de cruzeiro em operação na época (e ameaçando o então único transatlântico de carreira em operação Queen Elizabeth 2), o Voyager seria capaz de atingir cerca de 30 nós e realizar roteiros mais distantes e mais completos no tempo de um cruzeiro comum de concorrentes. A Royal Olympic era uma companhia grega, que tinha como especialidade os roteiros nas Ilhas Gregas, geralmente curtos, com muitas escalas em pouco tempo, semelhantes aos hoje realizados pela Louis Cruises. Fruto de uma fusão entre a tradicional Epirotiki Line, datada de 1850, e a Sun Line, uma companhia menor com cerca de 50 anos de história. A empresa criada, pretendia rivalizar com as grandes do mercado de cruzeiro, e tinha até mesmo ações comercializadas na NASDAQ, de Nova Iorque. 
Xenia – Recepção e Meeting Point. 
Os nomes dos interiores, que remetem à cultura grega, parecem ser ainda os originais colocados pela ROC em 2000, curiosamente nunca alterados nos quase 10 anos que o navio operou para outras empresas. 
Sala de Jogos Assos
Operando vários navios de segunda mão, entre eles o antigo Princesa Isabel, que realizou viagens de cabotagem na costa brasileiro na década de 70 e era um dos chamados cisnes brancos, e dois dos primeiros navios adquiridos pela Carnival, os ex-Carnivale e ex-Mardi Gras, a ROC idealizou seu novo navio, o Voyager para um novo roteiro de alta velocidade operacional, que faria escalas em três continentes: Ásia, África e Europa, via Mar Vermelho. No entanto, os planos acabaram sendo abandonados antes mesmo do navio ter sido entregue devido a instabilidade política no Oriente Médio, que impossibilitava escalas na região que era um dos trechos dos planejados roteiros. Desta forma, o Olympic Voyager e o Olympic Explorer, seu gêmeo, concluído dois anos depois, foram colocados em rotas alternativas. O azar, ou falta de planejamento, sempre foi uma das marcas da Epirotiki Line, que após a fusão com a Sun Lines passou a ser sócia majoritária da ROC: nos anos noventa, dois de seus navios afundaram (com direito a fuga de capitão à la Concordia em um dos casos), enquanto outro explodiu e um último só não afundou porque conseguiu atracar a tempo de reparos em Portugal.

Parte do pequeno casino Asteria, que divide seu espaço com o bar de mesmo nome.
Asteria Ba
Esse sina não deixou a Epirotiki quando do fundamento da ROC, a maior prova é que seus dois novos navios, operaram juntos por somente duas temporadas. Após roteiros dispendiosos e não lucrativos pelo Adriático e Mediterrâneo, e uma briga com o Comitê Olímpico Internacional que forçou a empresa a mudar o Olympic no nome da empresa e dos navios para Olympia alegando possuir os direitos do nome anterior, tanto Voyager como Explorer navegaram nas Américas, em busca de novos mercados, e capazes de cobrir as distâncias maiores do novo mundo em menor tempo que a maior parte da concorrência. A operação na região, que incluía cruzeiros pelo Rio Amazonas, não chegou a ser um desastre, mas também não foi um grande sucesso, e após mais uma temporada no Mediterrâneo, a companhia ainda tentando lucrar com os novos navios para pagar suas construções, se viu envolta em dívidas e falida.

Afetada também, pelo 11 de setembro, que trouxe o medo dos atentados a toda a indústria dos cruzeiros e seus passageiros, a companhia viu-se obrigada a decretar falência, cessar operações e vender seus navios para outros operadores. Antes, porém, em 2002, o Olympia Voyager foi cenário do filme de humor “Boat Trip”, ou “O Cruzeiro das Loucas”, na tradução para o português, filmado parte a bordo e parte em estúdio, e que conta a história de dois amigos heterossexuais que embarcam por engano em um cruzeiro gay. Em 2004, a Royal Olympia Cruises estava oficialmente fora do mercado; vale notar, que apesar do fracasso da ROC, a família Potamianos, da Epirotiki Line continuou no mercado dos cruzeiros até 2012, e que a Louis Cruise, mais tarde acionista da empresa opera até hoje no Adriático. Dos novos navios, o Explorer passou a operar para uma faculdade como campus móvel, função que executa até hoje, e o Voyager foi fretado para a recém fundada Iberojet Cruceros. A princípio, ficou conhecido somente como Voyager, até que em meados de 2005, quando passou por uma das experiências mais traumáticas de sua carreira, foi renomeado Grand Voyager, e ganhou o casco branco e chaminé azul com estrela amarela que lhe acompanhou até 2008. 
O início da operação do Voyager por sua nova companhia não foi dos mais promissores, logo no primeiro ano de operação pela operadora de turismo espanhola Iberojet, o Voyager se viu no no centro de um ciclone enquanto navegava pelo Mediterrâneo em fevereiro de 2005. O vídeo, um dos mais famosos da internet no que diz respeito a desastres marítimos, mostra o navio quase à deriva sendo atingido por ondas enormes, e já foi visualizado por mais de 7,000,000 de internautas. Na ocasião, os passageiros, além de chocados, acabaram se ferindo atingidos pelos móveis da embarcação, e pelo movimento em si, que impossibilitava qualquer posição segura, na maioria dos casos os ferimentos foram leves, mas também foram registradas ocorrências mais graves. 
Balcão de recepção no deck 3.
Grand Lounge – Alexander the Great
Entre 2007 e 2008 ganhou as novas cores da Iberojet, que adquirida pela Carnival Corporation ganhou novo logotipo e foi renomeada IberoCruceros. Nesta época, realizou algumas temporadas no mercado brasileiro fretado pela CVC, e mais tarde pela própria Ibero, que passou a ser administrada pelo grupo Costa. A última estação no Brasil foi a 2009/2010, sua volta estava prevista e chegou a ser anunciada para a temporada seguinte, a 2010/2011, mas foi cancelada logo em seguida, por questões comerciais. Nesta última temporada no Brasil, em uma ação curiosa e extremamente incomum por parte da Ibero, o navio passou cerca de uma semana em uma doca-seca em Niterói, aparentemente, passando por manutenção de rotina antes de iniciar a temporada brasileira. Durante a temporada 2010/2011, apesar de rumores de que pudesse realizar roteiros no Caribe, o Grand Voyager acabou imobilizado em um porto espanhol até seu primeiro cruzeiro previsto para a temporada européia. Agora, situação semelhante está por vir; com sua temporada de inverno europeu 2013/2014 cancelada, o navio deverá ficar imobilizado em um porto na Itália até realizar seus primeiros cruzeiros com partida de Trieste, previstos para meados maio de 2014.

Um dos mais aconchegantes ambientes a bordo, o panorâmico Anemos Sky Bar, que justifica seu nome. 
No entanto, uma imobilização mais longa não está descartada; em entrevista durante a apresentação dos resultados de sua companhia para o terceiro trimestre de 2014, Micky Arison, CEO da Carnival Corporation, afirmou que a Costa irá nos próximos anos se livrar de dois de seus navios menores e mais antigos que não foram projetados pela Costa, pois estes não são tão eficientes quanto os mais novos, e acabam não produzindo o lucro desejado pelos acionistas. Apesar dos roteiros para o restante de 2014 e o início de 2015 estarem por hora mantidos, o cancelamento da temporada 2013/2014 pode ter sido a deixa para uma saída permanente da frota da Costa. Ainda segundo Arison, a idéia é vender estes navios para outras empresas, porém, como o mercado para navios de segunda mão está em baixa, como o próprio reconheceu, não está descartada a venda direta para sucateiros das embarcações em questão (a outra, não confirmada, é provavelmente o Mistral, que de forma extremamente paradoxal, entrará em operação pela Costa esse ano como neoRiviera). O Voyager passou a operar para a Costa em 2012, a princípio de forma temporária para realizar os roteiros do Costa Marina, e depois para substituir o Costa Allegra, que se incendiou durante uma temporada na África. Com o mercado espanhol em retração, e a venda tanto do Marina como do Allegra, acabou se mantendo na frota da Costa definitivamente. Tem capacidade para cerca de 950 passageiros em ocupação máxima, e 24,300 toneladas, com 18 metros de comprimento por 25 de boca. As fotos deste artigo são de Rui Minas Agostinho, e foram feitas durante um cruzeiro no Atlântico em 2011.

  Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Rui Minas Agostinho.

Com a atual aparência em Lisboa neste ano. 
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5 Comentários

  1. Ai fica a pergunta que não quer calar!!! ele volta pra ibero? pra sucata um navio com menos de 15 nos realmente a costa tá queimando dinheiro, celebration e holiday esses 2 sim já derão o que tinha de dar!

  2. Boa pergunta, é pq a Costa/Ibero não quer por esse navio em algum lugar, mas tem lugar pra por, eles acham que o lucro do navio não compensa. Aposto que se eles aluga-sem alguém iria se interessar, por exemplo a Cvc..

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