Gemini pode ser terceiro navio no Brasil durante a Copa do Mundo

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Gemini operando para a Happy Cruises em 2011.

O navio espanhol que foi usado como alojamento nas Olimpíadas de 2012 em Londres, aparentemente também será utilizado durante a Copa do Mundo de 2014 para hospedar torcedores ganeses. A Akwaaba Cruises propõe um pacote de 35 noites para cinco sedes do maior torneiro de futebol do planeta, incluindo o cruzeiro, trechos terrestres e aéreos. 

Após México e Chile, é a vez da seleção de Gana ganhar uma comitiva de torcedores a acompanhar suas partidas durante a Copa do Mundo de Futebol do Brasil, em 2014. Os estrelas negras, como são conhecidos, jogarão na primeira fase da competição em três cidades diferentes: Fortaleza, no Ceará, Natal, no Rio Grande do Norte, e Brasília, no Distrito Federal, e a Akwaaba Cruises, uma empresa criada especialmente para esta viagem, levará torcedores do país a estas e outras duas sedes da competição entre os dias 8 de junho e o 12 de julho.

O principal meio de transporte utilizado pela empresa no pacote, que tem 35 dias, mas é também revendido em partes menores, é o Gemini, construído em 1992 em Valência, na Espanha, e que não opera cruzeiros desde que seu último operador, a Happy Cruises, faliu no final de setembro de 2011 (veja matéria da época). O navio, que tem capacidade para cerca de 900 passageiros e quase 20,000 toneladas, chegou até a receber passageiros novamente após ser imobilizado, mas só por um breve período em 2012, quando foi utilizado como alojamento fixo nas proximidades de Londres, durante os Jogos Olímpicos daquele ano. Na ocasião, fretado pelo Comitê Olímpico, ficou atracado junto a seu gêmeo Braemar e hospedou responsáveis pela segurança do evento londrino.

Foto de dezembro, Silver Cloud atracado em Natal com
o terminal de cruzeiros em obras e a ponte que limita a
altura dos navios ao fundo. 

No Brasil, será utilizado de forma diferente, tirando a vantagem do fato de ser um navio, e poder locomover-se entre as cidades do litoral brasileiro. No cronograma da Akwaaba Cruises, lançado no final de março, o navio parte de Tema, cidade portuária localizada a 16 km da capital de Gana, país localizado na parte central da África, em 8 de junho. Já com passageiros, segue diretamente para Natal, no Rio Grande do Norte, onde chega no dia 15 deste mesmo mês. No dia seguinte, a seleção ganense enfrenta os EUA, na primeira partida da fase de grupos para a equipe; os passageiros serão levados ao estádio com ônibus especialmente fretados para a ocasião.

Diferentemente do MSC Divina, que também estará no Brasil para a Copa e não pode atracar em Natal por conta das limitações estruturais da cidade, que construiu um terminal de passageiros em uma área inacessível a navios com altura maior que 55 metros (o Divina tem 66,8), o Gemini é relativamente pequeno, e não deve enfrentar problemas para permanecer no novo terminal da cidade. De Natal, parte para Fortaleza apenas no dia 18, dando dois dias livres para que os passageiros tenham tempo para conhecer a capital potiguar.

Em Fortaleza, o Gemini chega na manhã do dia 20, e permanece atracado no Porto de Mucuripe por vários dias. No dia 21, acontece no estádio Castelão a partida entre Gana e Alemanha; novamente, os passageiros serão transportados ao evento pela Akwaaba Cruises. No dia 26, após quatro dias livres na capital do Ceará, a companhia transportará seus passageiros para o Aeroporto Internacional Pinto Martins, organizando toda a parte logística dos voos que levarão os ganenses a Brasília, para que assistam à partida entre Gana e Portugal. Não está prevista permanência na capital federal, acabado o jogo, os passageiros serão novamente levados ao aeroporto, e já embarcarão de volta a Fortaleza, onde retornam ao Gemini.

Estádio Nacional pela Akwaaba Cruises. 

O pequeno navio parte no dia seguinte com destino a Salvador, na Bahia. A Arena Fonte Nova é o estádio escolhido para a partida das oitavas de final para o segundo colocado do Grupo G, do qual os estrelas negras fazem parte. Com dois dias na cidade, a Akwaaba pretende levar seus passageiros ao estádio para a partida, caso a seleção se classifique na segunda posição; entretanto, frisa em seu site que não pode garantir isto por depender da classificação da seleção, e não ter comprado ingressos para a partida. No caso dos ganenses se classificarem na primeira posição, a companhia promete ajudar na parte logística para a partida de oitavas de final que acontecerá em Porto Alegre. No entanto, lembra que o transporte dos passageiros sem planejamento anterior é praticamente inviável devido à distância entre as cidades sede do Nordeste e o Rio Grande do Sul.

Após dois dias em Salvador, o Gemini ainda visita um último porto de escala: o Rio de Janeiro. Segundo a Akwaaba, nenhuma viagem ao Brasil estaria completa sem uma viagem à cidade maravilhosa. Assim, o navio aporta no Píer Mauá em 3 de julho, realizando duas pernoites antes de partir definitivamente do Brasil no dia 5. Atravessando o Atlãtico Sul, retorna ao Golfo da Guiné, onde Gana está localizada, e aporta em Tema 12 de julho, terminando a odisseia iniciada neste mesmo porto.

A companhia afirma que oferecerá excursões aos passageiros em todos os portos visitados, e que os pacotes mais baratos, em cabine interna, já estão esgotados. Entretanto, não conseguimos um retorno da FleetPro Ocean, ex-International Shipping Partners, atual proprietária da embarcação, para confirmação do fretamento aos ganenses. O catálogo da Akwaaba com todas as informações está disponível neste link.

Como Crown Jewel pouco após seu lançamento. 

Será a primeira vez que o Gemini virá ao Brasil para uma operação regular. O navio construído como Crown Jewel para uma companhia de cruzeiros pequena. Após operar para a asiática Star Cruises, chegou a ser cogitado pela CVC para uma temporada brasileira, que acabou nunca se concretizando. A história completa do navio, e diversas fotos de seu interior, está disponível neste link, do Navios por Dentro que teve o Gemini como protagonista. No final da matéria, que é de agosto do ano passado, já prevíamos que o navio poderia juntar-se aos navios da Copa do Mundo no Brasil.

Já estão confirmados para a época da Copa do Mundo o MSC Divina, da classe Fantasia da MSC, mas que será operado pela Mundomex (leia mais), e trará mexicanos ao Brasil, e o Monarch, da Pullmantur, fretado por um operador chileno criado especialmente para a ocasião, e que trará, obviamente, torcedores chilenos (clique para matéria completa com mais detalhes).

Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Rui Agostinho, Codern, Akwaaba e Crown Cruise Line.
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4 Comentários

  1. Conheço bem este navio e o seu irmão, lembro-me de ver um deles em Valência durante a construção em 1991, depis vieram ambos a Lisboa nas viagens inaugurais, e estava a bordo do GEMINI no dia em que a empresa operadora faliu e a tripulação ficou sem emprego, o mesmo sucedendo ao navio.

  2. Olá Luis,
    Pena que a companhia tenha falido. Na época, comentava-se das intenções de trazê-lo para operar no Brasil, em parceria com a CVC, que foi acionista da Happy/Quail Cruises. Por outro lado, a CVC, se não faliu, deixou de interessar-se no mercado de cruzeiros nesta mesma época.

    P.S.: Li a entrevista com você naquele site britânico; bem interessante! Não sabia que tinhas idealizado uma companhia de ferries.

  3. Eduardo, concordo. Mas é necessário um investimento alto em planejamento e marketing, e também tempo para que haja lucro. Infelizmente não parece haver empresa interessada em tornar uma operação desse tipo real.

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