Navios por Dentro: Norwegian Epic

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A primeira edição de 2016 da série Navios por Dentro, de Rui Agostinho, apresenta o gigante Norwegian Epic, da Norwegian Cruise Line. Maior navio da companhia norte-americana e um dos maiores do mundo, o Epic é um caso raro de navio moderno que não tem gêmeo e possui história relativamente rica. Conheça seus interiores e essa história a seguir!

Até novembro deste ano, o Norwegian Epic foi o maior navio da frota da Norwegian Cruise Line. A companhia, que, apesar do nome, é sediada nos EUA e tem entre seus principais acionistas os asiáticos, opera uma frota de 13 navios, incluindo o Norwegian Getaway e o Norwegian Breakaway, inaugurados, respectivamente, em 2014 e 2013. O Epic foi inaugurado mais cedo, em 2010. Apesar disso, é maior que seus companheiros de frota mais novos, que foram construídos em um estaleiro diferente. Quando inaugurado, o Epic tinha o título de terceiro maior navio do mundo, perdendo apenas para os gêmeos Allure e Oasis of the Seas da Royal Caribbean International. 
Bliss Ultra Lounge, um dos maiores espaços a bordo
Hoje, o Norwegian Escape, inaugurado em outubro do ano passado, se tornou o maior navio da frota, ficando assim, com o título que foi do Epic por mais de cinco anos. A NCL ainda tem três navios em encomenda, todos maiores que o Epic, e que serão entregues entre 2017 e 2019. O Escape, os navios em encomenda e os gêmeos Breakaway e Getaway são projetos do estaleiro alemão Meyer Werft, enquanto o Epic é o único navio da frota construído no antigo Chantiers de l’Atlantique. Foi o primeiro mega-navio construído pela companhia, que até então vinha projetando apenas embarcações de até aproximadamente 90,000 toneladas.
Um dos vários restaurantes a bordo, o Cagney’s Steakhouse
Cascades Bar
O casino, que é significantemente maior que nos outros navios da frota
Assim, o navio enquanto era projetado, o ficou conhecido como F3, por representar a terceira geração do conceito Freestyle, a filosofia da Norwegian Cruise Line. A companhia introduziu o Freestyle no começo dos anos 2000, utilizando-se de sua frota de então, que possuía navios de médio e grande porte, construídos nas décadas anteriores e também os recém inaugurados Norwegian Sun e Norwegian Sky – primeiros navios profundamente adaptados ao novo conceito. Esses navios representam a primeira geração do Freestyle; da segunda, fazem parte os navios construídos pela companhia entre 2002 e 2010. 
Epic Theatre
Jazz e Blues Club, Fat Cats

A terceira geração tem início com o Epic, que inaugurou a era mais recente da companhia, elevando o conceito a um novo nível. O Freestyle Cruising é a proposta da NCL para oferecer uma experiência de cruzeiro diferenciada, sem as regras tradicionais do mundo de bordo. Não há, por exemplo, horários fixos para turnos nos restaurantes a bordo. Há, na verdade, mais de 20 opções de restaurante, nos quais o hóspede pode fazer suas refeições nos horários que escolher e com a companhia que preferir. Outro diferencial é a ausência de um código de vestimenta rígido, não há noites de gala, por exemplo. O novo conceito também traz especial ênfase no entretenimento, com mais opções, mais variadas que as tradicionais.

Restaurante Buffet, um dos maiores a bordo, chamado Garden Cafe

O Norwegian Epic foi encomendado em 2006, em um contrato que incluía dois navios gêmeos de cerca de 150 mil toneladas, e opção para uma terceira embarcação de mesmo porte. O acordo foi assinado com o estaleiro francês STX France, então chamado Aker Yards, de St. Nazaire, na França. A Norwegian Cruise Line e o estaleiro, no entanto, acabaram travando disputas por não concordarem com condições de contrato, o que levou a construção do primeiro navio a ser suspensa algum tempo depois do começo da construção. Um novo acionista havia assumido parte significante das ações da NCL e propôs diversas alterações ao design do navio, fato que teria sido o desencadeador da discórdia com o estaleiro.

Do Garden Cafe se acessa o La Cucina, de culinária italiana
La Cucina, restaurante italiano

Os trabalhos só foram retomados em 2008, quando companhia e estaleiro chegaram em novo acordo, que cancelou a encomenda do segundo navio que ainda não tinha tido sua construção iniciada. Após um incêndio em condições consideradas suspeitas que chegou a ser investigado pela polícia local como criminoso, o navio foi entregue em junho de 2010. Após escalar Rotterdam e Southampton para apresentações aos trades locais, foi batizado em Nova Iorque, pela cantora country Reba McEntire. De lá, partiu para Miami, onde assumiu os roteiros semanais pelos Caribes Leste e Oeste. 

Outro restaurante de especialidade é o Lê Bistro
O restaurante oferece aos passageiros comida típica francesa
Com 156 mil toneladas e capacidade para até 5,183 passageiros em ocupação máxima, o Epic foi o primeiro navio de cruzeiros a ter um bar de gelo a bordo, onde as bebidas são servidas em copos de gelo, que não derretem já que o local inteiro tem temperatura média de 8°C. Foi também um dos primeiros navios a ter uma atração internacional residente; o Blue Man Group, que se apresenta regularmente no teatro principal, o Epic Theatre. Também foi um dos primeiros com boliche a bordo, e o primeiro e único a contar toboágua em formato de tigela, que se utiliza de botes. 
Em 2011, o navio estreou cruzeiros na Europa, a partir do porto de Barcelona, na Espanha. Civitavecchia, na Itália, e Marselha, na França, também passaram a ser portos de embarque mais tarde. Em 2014, a Norwegian anunciou que o Epic ficaria na Europa em tempo integral a partir de abril de 2015. O plano, no entanto, durou pouco; com nova diretoria, a companhia resolveu posicionar o navio novamente, durante a temporada 2016/2017, para embarques em Port Canaveral, porto próximo a Orlando, nos EUA. Assim, o navio voltará a navegar na Europa na época da temporada de verão local, e no Caribe no inverno, que é alta temporada nessa área. 
Outro grande destaque do Epic são as acomodações. O navio um dos, se não o primeiro, a introduzir cabines individuais em grande escala. Há uma categoria dedicada aos viajantes solo, chamada Studio. Internas, e de tamanho reduzido, as cabines possuem dispensam a cobrança do suplemento individual, normalmente cobrado para quem viaja sozinho. Os passageiros dessas cabines ganham também livre acesso a um lounge exclusivo, com bar e lanchonete, onde a NCL promove atividades voltadas especificamente a quem viaja sozinho, como encontros para novas amizades e outras. 
O Epic também possui uma espécie de primeira classe; uma categoria de cabines diferenciadas que dá acesso a áreas exclusivas do navio. O The Haven possui proposta semelhante ao Yatch Club da MSC Crociere, introduzido pela companhia italiana alguns anos antes. O número de cabines, no entanto, é significantemente menor (na MSC são 99, no Epic apenas 35). As cabines também são diferenciadas, consideravelmente maiores que as do Yatch Club, são de fato suítes, que chegam a ter 70 m² de área interna e uma varanda de 11 m². Os ocupantes dessas suítes ganham acesso exclusivo a áreas particulares que incluem um spa com academia, um solário, uma piscina e um lounge.

As fotos são de Rui Agostinho, na ocasião da escala inaugural do navio no porto de Lisboa, em Portugal. O navio estava então prestes a entrar em estaleiro na França para o seu primeiro período em doca-seca. No estaleiro em Brest, a Norwegian Cruise Line aproveitou para acrescentar novos elementos ao navio e modernizar alguns setores em linha com a experiência a bordo de seus companheiros de frota mais novos. 
Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Rui Agostinho.
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