Harmony of the Seas se torna maior navio de cruzeiros do mundo

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Harmony of the Seas em foto deste mês

Inaugurado no mês passado, o Harmony of the Seas assumiu o posto de maior navio de cruzeiros do mundo. Parte da classe Oasis, a embarcação tem capacidade para mais de 8,000 pessoas, entre tripulantes e passageiros, e supera ligeiramente os dois outros navios da classe Oasis e Allure. Além do tamanho, o navio traz atrações diferenciadas como um parque com plantas reais, dois simuladores de surfe, um boulevard com lojas, restaurantes e bares, e um carrossel, entre outros.

O Harmony of the Seas é atualmente o maior navio de cruzeiros do mundo, ligeiramente maior que o segundo e o terceiro colocados neste ranking de tamanho. Inaugurada o mês passado, a embarcação é gêmeo do Allure of the Seas e do Oasis of the Seas, respectivamente, segundo e terceiro maior navio de cruzeiros do mundo. Trata-se de uma versão modificada, e ampliada dos dois navios, que operam no Caribe.

O primeiro navio da classe, Oasis of the Seas

Todos são operados pela Royal Caribbean International, que começou a trabalhar no projeto destas embarcações há cerca de 12 anos. Oasis e Allure foram inaugurados entre 2009 e 2010, e desde então são os navios de maior sucesso da empresa, que tem origens nórdicas, mas opera nos EUA.

Dessa forma, a companhia decidiu acrescentar mais um navio do tipo à sua frota, e encomendou o Harmony – então provisoriamente apelidado de Oasis III – em dezembro de 2012. O contrato foi assinado com o estaleiro STX France, e incluía uma opção para um quarto navio da classe, mais tarde confirmada, e a venda ao estaleiro do antigo Atlantic Star, como parte do pagamento. O custo total do navio (sem descontar o valor do Atlantic Star), é de U$ 1,3 bilhão.

Após cerca de nove meses de adaptação do projeto original da classe Oasis, a construção começou em agosto de 2013, com o corte da primeira peça de aço que viria a compor mais tarde o casco da embarcação.

A quilha do navio foi colocada em posição no dia 9 de maio de 2014, durante uma cerimônia no estaleiro, que contou com a presença de executivos das empresas envolvidas na construção, imprensa, e convidados. A colocação da quilha é um momento importante na construção de uma embarcação; a partir daí, o navio começa a tomar forma, tendo seu casco, e posteriormente sua superestrutura, montados.

O nome, Harmony of the Seas, foi revelado em março de 2015.

Central Park

Cerca de um ano depois da cerimônia da quilha, o navio havia tomado forma, e flutuou pela primeira vez no estaleiro – que fica em St. Nazaire, no norte da França. A partir daí, começou a fase final de construção da embarcação, que consiste na montagem de todos os interiores, e nos acabamentos finais tanto internos quanto externos, além da finalização da parte técnica como colocação de motores, cabos e todos os sistemas que fazem a embarcação funcionar.

Parte fundamental da fase final de construção, são os testes de mar. Neles, os sistemas do navio são testados pelo estaleiro, e supervisionados pelo armador, que se certifica de que a embarcação está dentro dos padrões exigidos em contrato.

O Harmony saiu para o mar aberto pela primeira vez em março desse ano, já próximo de sua entrega para a Royal Caribbean, marcada para maio.

Um dado curioso sobre a construção de um navio, é que, na maioria das vezes, o navio é totalmente bancado pelo estaleiro enquanto é construído. A embarcação é, portanto, propriedade do estaleiro que o constrói até o momento em que é entregue ao armador. O negócio é feito dessa forma para garantir que o armador receba o navio que encomendou no padrão desejado.

O navio só é recebido pelo armador, e deixa de ser propriedade do estaleiro, no momento em que as partes concordam que a embarcação está de acordo com o contrato. Assim, o Harmony foi submetido a dezenas de testas para ser, finalmente, entregue à Royal Caribbean International no final de abril de 2016.

A partir daí, o navio passou a realizar cruzeiros, e logo, ganhou o título de maior navio de cruzeiros do mundo, um título prestigiado na indústria dos cruzeiros.

AquaTeater

Desde o final da década de 60, quando começaram a surgir os primeiros navios construídos para realizar cruzeiro, as companhias de navegação tem batalhado por lançar novidades e tendências em suas frotas. Novos tipos de cabine, entretenimento diferenciado e restaurantes de alto nível estão entre as principais inovações, que foram se sucedendo nos novos navios – que também foram ficando cada vez maiores. Tamanho, aliás, que também sempre foi visto pelas companhias como uma forma de inovação. A partir do final dos anos 80, a batalha pelo título de maior navio do mundo se tornou acirrada.

Depois de inaugurar o Sovereign of the Seas, maior navio do mundo em 1988, a Royal Caribbean se distanciou da disputa, para retornar apenas em 1999, com a sua classe Eagle – que mais tarde passou a se chamar Voyager. Com cinco navios, os quatro primeiros navios da classe foram os maiores do mundo no momento de suas inaugurações.

Ultrapassada pelo Queen Mary 2, da Cunard Line, em 2004, a Royal Caribbean preparou um novo projeto para retomar o título, com base na própria classe Voyager; o projeto ficou conhecido na época como UltraVoyager. A classe de navios, mais tarde batizada de Freedom, teve três navios, comissionados entre 2006 e 2008, e que asseguraram o título de maior do mundo para a companhia norte-americana.

Mesmo assim em 2006, a companhia começou a trabalhar em um novo projeto de um navio consideravelmente maior, que lhe asseguraria o título de maior do mundo por muito tempo. Enquanto os navios da classe Freedom possuíam cerca de 160,000 toneladas brutas, os do projeto – apelidado de Genesis por motivos óbvios – teriam cerca de 220,000 toneladas brutas.

O simulador de surfe FlowRider

Na indústria naval, a tonelagem bruta se refere a volume interior da embarcação, não ao peso, como é mais comum associar. Assim, os navios da classe Genesis, depois nomeada Oasis, eram cerca de um terço maiores que os da classe Freedom. Os navios foram pensados para serem não apenas maiores, mas também diferenciados e inovadores, com capacidade para mais de 8,000 pessoas (incluindo passageiros e tripulantes) e atrações como dois simuladores de surfe, que recriam ondas para que os passageiros possam praticar o surfe dentro das embarcações.

Quando a disputa começou na década de 60, quem imaginaria patinar no gelo, fazer tirolesa, passear em um parque e surfar no meio do oceano em um navio que transporta mais de 8,000 pessoas? O Harmony of the Seas surgiu para reforçar essa sina, e representa o ápice da batalha entre as companhias, lançada pelos gêmeos Oasis e Allure.

Com suas 225 mil toneladas de deslocamento, a classe Oasis é de longe o maior navio de cruzeiros do mundo; ainda hoje, seu concorrente mais próximo não chega às 170 mil. No total, os navios transportam até 6,400 passageiros cada (e 2,160 tripulantes) e traz grandes inovações, como o Central Park, e a Boardwalk.

Criadas em um vão aberto central na parte de dentro do navio, essas são duas das principais áreas públicas do navio, que é composto de sete “vizinhanças”, cada uma com características diferenciadas. Com vegetação real, bancos, restaurantes e lojas, o Central Park se inspira no famoso parque de Nova Iorque. Já o Boardwalk é a reprodução de um típico píer norte-americano; conta com fliperama, carrossel, carrinho de cachorro quente, entre outros. É nesta área que fica também o AquaTheater, um teatro aquático ao ar livre, que exibe shows de águas dançantes, e espetáculos com mergulhadores profissionais e nado sincronizado.

O boulevard interno, Royal Promenade

O navio ainda conta com uma espécie de rua interna, a Royal Promenade, e outras diversas atrações. Para quem é fã de esportes, por exemplo, há uma área inteira dedicada, com o já citado FlowRider, um simulador de surfe, e a ZipLine, uma tirolesa que atravessa parte do navio suspensa a mais de 10 andares de altura. Além de campo de mini-golfe, parede de escalada, quadra poliesportiva e outros. Tudo isso é complementado pelas atrações comuns de outros navios de cruzeiro, como teatro e casino, e mais de uma dúzia de restaurantes diferentes.

Nem tudo, no entanto, é positivo. O Harmony recebeu críticas ferrenhas na Inglaterra, onde realizou suas primeiras viagens, por ainda não estar totalmente finalizado. Passageiros que embarcaram nos cruzeiros inaugurais, reclamaram que boa parte das atrações ainda não estão prontas, e portanto, fechadas ao público.

Para jornais como o DailyMail e o The Guardian, que deram destaque para a situação, a Royal Caribbean confirmou as reclamações sobre a condição do navio, mas afirmou que as questões são pontuais, e que mesmo assim, o passageiro deve reconhecer o valor das viagens inaugurais, que foram acrescentadas ao cronograma original em meados de 2015.

Jacuzzis suspensas na lateral do navio

Na época, a Royal Caribbean anunciou que o navio ficaria pronto antes do previsto, e por isso, seria possível realizar mais viagens a partir do porto de Southampton, no sul da Inglaterra.

Atualmente, o navio realiza sua temporada inaugural pelo Mediterrâneo, com cruzeiros de sete noites que passam por Espanha, Itália e França. Os roteiros partem de Barcelona, na Espanha, e Civitavecchia, na Itália. Em novembro, o Harmony se junta a seus gêmeos no Caribe, e passa a realizar roteiros nessa região durante todo o ano, a partir do porto de Fort Lauderdale, na Flórida, EUA.

As fotos deste artigo são meramente ilustrativas e foram feitas a bordo de outro navio da classe Oasis, o Oasis of the Seas.

Texto (©) Copyright Daniel Capella.
Imagens (©) Copyright Royal Caribbean e Daniel Capella.
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